O que esperar da vida? Ela sempre foi uma caixinha de surpresas com apenas duas certezas.
A gente nasce.
A gente morre.
Era sempre no domingo. Minha sala de estar é pequena e raramente mudamos os móveis de lugar.
Do lado direito há um sofá de dois lugares encostado a uma parede da cor laranja e há um quadro onde eu e meu irmão estamos usando roupas que outrora talvez fizesse sucesso, estamos sorrindo. Esse é um daqueles típicos quadros que as mães amam e os filhos tentam esconder quando vão receber a visita de um amigo.
Defronte ao sofá está a estante com a TV, mais ao lado a porta, do lado esquerdo o sofá de três lugares e acima dele a janela.
Ele sempre chegava antes do almoço cumprimentava todo mundo e se sentava no canto do sofá de três lugares, tomava uma cerveja, conversava com meu pai e assistia algum programa de esporte. Depois almoçávamos juntos a mesa e ele voltava para o sofá, lá tirava um cochilo e não posso esquecer de mencionar, é claro, de seus roncos...
Hoje é domingo, o almoço ainda não está pronto, estou deitada na cama esperando ele chegar; um ato inútil, ele não vai chegar.
E na sala o canto do sofá de três lugares está vazio.
Isso também acontece quando vou visitar minha tia.
A primeira coisa que eu fazia ao chegar em sua casa era ir até o quarto; ele estava sempre sentado na poltrona ao lado da cama lendo a bíblia, eu ia até ele pegava sua mão enrugada pela idade e pedia a 'bença'.
Hoje quando vou até o quarto encontro apenas um cômodo vazio.
É incrível como não me acostumo a isso.
Mas ao mesmo tempo que o vazio é melancólico ele é cheio de beleza.
Se existem vazios, existiram pessoas que valem a pena serem lembradas.
Daniela Silva
10 comentários:
São esses os vazios que nos corroem. A saudade é o principal ácido das nossas almas.
Eu me emocionei muito ao final do teu texto. Seja ele uma verdade ou não, sinto muito.
A saudade é um poço sem fundo, desses que as pessoas vivem mencionando. É também o túnel sem luz, é vazio, é tudo e não é nada, e morre matando a gente...saudade é uma coisa confusa demais...
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Que triste Dani. Também tinha um tio assim: Tio Zezinho. Querido pro todos da família. prestativo, pintava a casa de todos no final do ano, ainda lembro o cheiro da tinta, cheiro de laranja. Uma pessoa simples, sem ambição. Fumava o único da família, acho que foi essa a causa do infarto, o tabagismo, bebia também umas cervejinhas inocentes... Um cara legal meu Tio Zezinho, um cara comum e especial ao mesmo tempo, por ser nosso tio. Sei o que é isso. Conto muito comovente, embora triste, mais dizem que quando tristes, e que escrevemos os textos mais bonitos, feito o seu, são compostas as melhores musicas. "A gente nasce, a gente morre", nesse meio tempo, vivamos o momento, isso também é uma certeza, o agora. Na caixinha de surpresas do futuro também tem surpresas agradáveis, além de incômodos vazios. Muita paz!
http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/
"Se existem vazios, existiram pessoas que valem a pena serem lembradas."
Perfeito!
Bjos
Força ai e eu sei como é esse vazio. Tudo passa e só as lembranças ficam.
Beijos
Tenha forças, o vazio pode nos consumir se deixarmos. Sei que é triste mas com o tempo a gente se acostuma. Lembre-se que se a alguém que faz falta, é porque ela mudou alguma coisa em sua vida e de onde ela estiver, se sentirá triste se a ver triste.
Beijinhos ♥
http://mydreamsofasummernight.blogspot.com.br/
Que coisa bonita isso que você escrever, os dois lados do vazio. Ainda não tinha pensado por esse lado.
Apesar de tudo, acredito que não viemos à Terra para deixarmos vazios... Viemos até aqui, porque esta estava vazia... Viemos para preenchê-la. Mas temos um lugar a que nos pertence, o Céu, e que para onde, um dia, devemos regressar... Porque todos nós merecemos descansar um dia.
Um beijo enorme!!
Esse vazio dói desgraçadamente, a saudade é tão grande, que parece que a qualquer momento vai nos sufocar, mas então vem o acalento das boas lembranças, dos momentos lindos que vivemos ao lado da pessoa que hoje está ausente. Isso ameniza a nossa dor.
Um abraço!
Sacudindo Palavras
Dani, este texto me lembrou muito a história de uma amiga que me fez chorar sexta-feira passada. Mas chorar,porque a pessoa da poltrona da casa dela, a fazia tão bem que mesmo não estando mais lá, o bem continua a se prolongar, sabe?
Dani, eu adoro quando vejo que meus visitante vieram da sugestão de outros blogs. A única coisa que peço, tente entrar em contato comigo, porque sempre crio laços com os autores de meus blogs queridos, e já conheci muitos deles. Beijos!
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